19/04/2020

O Silmarillion: Quenta Silmarillion - Do Principio dos dias (1)

Diz-se entre os sábios que a Primeira Guerra começou antes que Arda estivesse totalmente formada, e antes mesmo que qualquer criatura crescesse ou caminhasse sobre a terra; e por muito tempo Melkor prevaleceu. Entretanto, no meio da guerra, ao ouvir no distante firmamento que havia batalha no Pequeno Reino, um espírito de enorme força e resistência veio em auxílio dos Valar; e Arda se encheu com o som de seu riso. Assim veio Tulkas, o Forte, cuja ira circula como um vento poderoso, afastando a nuvem e a escuridão à sua frente.
Neste capitulo inicial do Quenta Silmarillion, veremos mais sobre os Valar e seremos apresentados a uma nova pespectiva a respeito do inicio da criação de Arda. Antes de iniciar esta aventura, sugiro que leia sobre o Ainulindalë e o Valaquenta para que possa entender alguns termos e histórias narradas neste conto. :)

De inicio, somos apresentados a chegada de Tulkas em Arda, colaborando com a expulsão de Melkor e fazendo prevalecer a paz por uma longa era...

Tulkas permaneceu em Arda e tornou-se um dos Valar, enquanto Melkor remoia pensamentos de ódio e direcionava todos eles a Tulkas.

Durante aquele periodo de paz, os Valar conseguiram trazer ordem e, Yavanna, plantou suas sementes que há tempos havia imaginado. Como havia necessidade de luz, Aulë, a pedido de Yavanna, criou duas lamparinas poderosas para iluminar a Terra Média. Varda encheu as lamparinas e Manwë as consagrou.
Uma das lamparinas foi erguida ao norte da Terra-Média, e ela se chamou Illuin, a outra foi erguida no Sul e foi chamada de Ormal.

 (...) e a luz das Lamparinas dos Valar se derramou por toda a Terra, iluminando tudo como se fosse sempre dia.

As sementes que Yavanna havia plantado começaram a brotar e desenvolver, e houve também uma infinidade de seres em crescimento. O lugar mais rico era justamente as partes centrais da Terra-Média, onde a luz das lamparinas se encontravam e se fundiam.
Foi ali, na Ilha de Almaren, no Grande Lago, em que surgira a Primeira Morada dos Valar, enquanto tudo era novo. Eles se contentaram com isto por muito tempo :)
Ilha de Almaren - Primeira Morada dos Valar
Manwë ofereceu uma grande festa para comemorarem o desabrochar de tudo aquilo que os Valar haviam inventado e que estava em constante crescimento, todos aceitaram o convite menos Tulkas e Aulë, pois os dois estavam exaustos e haviam feito muitos serviços. Melkor ficou sabendo pelo seus espiões que os Valar estavam com a guarda baixa, ele chamou alguns espiritos que havia desviado para seu próprio serviço e, confiante de que estava forte, se aproximou cada vez mais de onde os Valar moravam, e todas aquelas magnificas obras criadas pelos Valar lhe deixara cheio de inveja e ódio.

Os Valar se reuniram em Almaren e por causa da luz de Illuin nao conseguiram notar a sombra que havia ao norte causada por Melkor.

(...) E dizem as canções que, naquela festa, na Primavera de Arda,
Tulkas desposou Nessa, a irmã de Oromë, e ela dançou diante dos Valar sobre a relva verdejante de Almaren.
Tulkas então adormeceu, exausto e contente, e Melkor acreditou que sua hora havia chegado.(...)
Melkor havia iniciado a escavação e construção de uma fortaleza nas profundezas de Arda, debaixo das montanhas escuras onde os raios de Illuin eram frios. Esse esconderijo foi chamado de Utumno.
Utumno

Os Valar de nada sabiam, porém, por causa da influencia maléfica e odiosa de Melkor, a Primavera de Arda foi destruida.
Os seres verdes adoeceram e apodreceram, os rios foram obstruídos por algas e lodo;
criaram-se pântanos, repelentes e venenosos, criatórios de moscas; as florestas tornaram-se sombrias e perigosas, antros do medo; e as feras se transformaram em monstros de chifre e marfim e tingiram a terra de sangue. 
Os Valar tiveram certeza que só poderia ser obra de Melkor, e foram atrás dele. Porém, Melkor estava confiante, tanto com Utumno como também com o poder de seus servos, portanto, ele rapidamente lançou seu primeiro golpe sem que os Valar estivessem totalmente preparados, Melkor atacou as luzes de Illuin e Ormal e quebrou as lamparinas.
Após todo este combate, a forma de Arda se desconfigurou e os primeiros projetos dos Valar jamais foram restaurados...
Em meio à confusão e às trevas, Melkor conseguiu escapar, embora o medo se abatesse sobre ele; pois, mais alto que o bramido dos mares, ele ouvia a voz de Manwë como um vento fortíssimo, e a terra tremia sob os pés de Tulkas. 
Ele conseguira chegar em Utumno e lá permaneceu escondido.
Os Valar nao conseguiram derrotá-lo, pois a maior parte de sua força fora voltada para o controle e resgate do que havia sobrado de suas obras em Arda...

Foi assim que terminou a Primavera de Arda.
Almaren foi totalmente destruida, portanto, os Valar partiram da Terra-Média e foram para a Terra de Aman, junto aos limites do mundo (pois seu litoral oeste dá para o Mar de Fora, que é chamado pelos elfos de Ekkaia e circunda o Reino de Arda.)

Os Valar fortificaram sua nova morada e, junto ao litoral, ergueram as Pelóri, as montanhas de Aman, as mais altas de toda Arda.

Acima de todas as montanhas das Pelóri, Manwë instalou o seu trono. Os elfos chamam esse monte sagrado de Taniquetil...
De seu palacio no cume de Taniquetil, Manwë e Varda conseguiam observar Terra afora :)

Por trás das muralhas das Pelóri, os Valar estabeleceram sua morada naquela região que é chamada de Valinor. Era em Valinor que ficavam seus jardins, suas casas, etc. Ali eles cultivaram e restauraram tamanha beleza que Valinor se tornara mais bonita e formosa que a Primavera de Arda.

 E Valinor foi abençoada, pois os Imortais ali moravam; e ali nada desbotava nem murchava; não havia mácula alguma em flor ou folha naquela terra; nem nenhuma
decomposição ou enfermidade em coisa alguma que fosse viva; pois as próprias pedras e águas eram abençoadas.
Depois que Valinor ficou pronta, e as mansoes dos Valar já estavam instaladas no meio da planicie do outro lado das montanhas, eles construiram sua cidade, Valmar.

Diante de seu portão ocidental, havia uma colina verdejante, Ezellohar, que também é chamada Corollairë; Yavanna a consagrou, e ficou ali sentada muito tempo sobre a relva verde, entoando uma canção de poder, na qual expunha o que pensava sobre as coisas que crescem na terra. Nienna, porém, meditava calada e regava o solo com lágrimas. Naquele momento, os Valar, reunidos para ouvir o canto de Yavanna, estavam sentados, em silêncio, em seus tronos do conselho no Máhanaxar, o Círculo da Lei junto
aos portões dourados de Valmar; e Yavanna Kementãri cantava diante deles, e eles observavam.

E conforme observavam, surgiram sobre a colina dois brotos esguios, naquele momento havia apenas o som do canto de Yavanna. A partir deste canto, as arvores cresceram majestosamente e vieram a florir, e foi assim que surgiram no mundo as Duas Árvores de Valinor.

De tudo o que Yavanna criou, são as mais célebres, e em torno de seu destino são tecidas todas as histórias dos Dias Antigos.

Telperion e Laurelin - As Duas Arvores de Valinor
 Foi a partir da criação das Duas Arvores de Valinor que surgira a contagem do tempo! ^-^
Em sete horas, a glória de cada árvore atingia a plenitude e voltava novamente ao nada; e cada uma despertava novamente para a vida uma hora antes de a outra deixar de brilhar. Assim, em Valinor, duas vezes ao dia havia uma hora suave de luz mais delicada, quando as duas árvores estavam fracas e seus raios prateados e dourados se fundiam. Telperion era a mais velha das árvores e chegou primeiro à sua plena estatura e florescimento; e aquela primeira hora em que brilhou, com o bruxulear pálido de uma alvorada de prata, os Valar não incluíram na história das horas, mas denominaram a Hora Inaugural, e a partir dela passaram a contar o tempo de seu reinado em Valinor. Portanto, à sexta hora do Primeiro Dia, e de todos os dias jubilosos que se seguiram, até o Ocaso de Valinor, Telperion interrompia sua vez de florir; e na décima segunda hora, era Laurelin
que o fazia. E cada dia dos Valar em Aman continha doze horas e terminava com a segunda fusão das luzes, na qual Laurelin empalidecia, e Telperion se fortalecia.
Contudo, a luz que se derramava das árvores persistia muito, antes de ser levada para as alturas pelos ares ou de afundar terra adentro. E as gotas de orvalho de Telperion e a chuva que caía de Laurelin, Varda armazenava em enormes tonéis, como lagos brilhantes, que eram para toda a terra dos Valar como poços de água e luz. Assim começaram os Dias de Bem-aventurança de Valinor; e assim começou a Contagem do Tempo.
Em seguida, há algumas descrições neste conto sobre a ira de Melkor que ainda era forte pela Terra-Média (naquele tempo, tudo que era ruim e maléfico era atribuido a ele). E também conta-se um pouco mais sobre os Valar e suas moradas. Aulë, por exemplo, é atribuido a ele o papel principal na realização da criação daquelas terras. É dele que vem as tradições e os conhecimentos de Arda. É Aulë que é chamado de Amigo dos Noldor, pois com ele aprenderam muito nos tempos que viriam, e os noldos são os mais habilidosos dos elfos.  E, a seu próprio modo, de acordo com os dons que
Ilúvatar lhes concedeu, eles muito acrescentaram aos seus ensinamentos, apreciando línguas e
textos, figuras bordadas, desenho e entalhe. Foram também os noldor os primeiros a aprender a criar
pedras preciosas; e as mais belas de todas as gemas foram as Silmarils, que estão perdidas.

Já no caso de Manwë, dentro os elfos ele amava mais os vanyar e fora de de Manwë que eles receberam musica e poesia, pois a poesia é o prazer de Manwë, e o entoar de palavras é sua música.

Ulmo vivia sozinho nao tinha morada em Valinor, nem jamais ia até lá a não ser que houvesse alguma reunião importante. Os teleri muito aprenderam com Ulmo, por isso que a música deles tem tanto tristeza quanto encantamento.  Ulmo estava sempre aberto a todos os que estavam perdidos nas trevas ou perambulavam afastados da luz dos Valar; e também nunca abandonou a Terra-média, nem deixou de refletir sobre tudo o que aconteceu desde então em termos de destruição ou de mudança, e não deixará de fazê-la até o final dos tempos.

Naquela epoca de trevas, Yavanna também não queria abandonar as Terras de Fora, ela as vezes deixava Valinor e ia curar os ferimentos causados por Melkor e, quando retornava, tentava instigar os Valar para a guerra contra os dominios de Melkor pois precisavam a qualquer custo travar isto antes da chegada dos Elfos.

Oromë cavalgava de vez em quando na escuridão das florestas sem luz. Como era um caçador poderoso, ele perguia até a morte os monstros e criaturas horriveis do reino de Melkor.

E então a terra adormecida tremia ao som de seus cascos dourados; e, no crepúsculo do mundo, Oromë costumava fazer soar a Valaróma, sua grande trompa, pelas planícies
de Arda; nesse momento, as montanhas reverberavam o som, as sombras do mal fugiam, e o próprio Melkor tremia em Utumno, prevendo a ira que estava por vir. Porém, assim que Oromë passava, os servos de Melkor voltavam a se reunir; e as terras se cobriam de sombras e falsidade.

Um relato interessante citado neste capitulo é sobre a relação dos Ainur/Valar com os filhos de Ilúvatar.
Os Ainur tinham um laço mais forte com os elfos pois Ilúvatar os fez mais parecidos com os Ainur, enquanto aos homens conferiu dons estranhos...

Pois se diz que, depois da partida dos Valar, houve silêncio, e, por uma eternidade, Ilúvatar permaneceu sentado, meditando. Falou ele então e disse: "- Olhem, eu amo a Terra, que será uma mansão para os quendi e os atani! Mas os quendi serão as mais belas criaturas da Terra; e irão ter, conceber e produzir maior beleza do que todos os meus Filhos; e terão a maior felicidade neste mundo. Já aos atani concederei um novo dom.". Ele, assim, determinou que os corações dos homens sempre buscassem algo fora do mundo e que nele não encontrassem descanso; mas que tivessem capacidade de moldar sua vida, em meio aos poderes e aos acasos do mundo, fora do alcance da Música dos Ainur, que é como que o destino de todas as outras coisas; e por meio de sua atuação
tudo deveria, em forma e de fato, ser completado; e o mundo seria concluído até o último e mais ínfimo detalhe

Porém, Ilúvatar sabia que os homens estando postos em meio aos tumultos do que havia pelo mundo, iriam se desviar e não iriam usar seus dons com harmonia "Esses também, a seu tempo, hão de descobrir que tudo o que fazem redunda, no fim, apenas para a glória de minha obra" dissera Ilúvatar.

Contudo, os elfos acreditam que os homens costumam ser motivo de tristeza para Manwë,
que conhece a maior parte da mente de Ilúvatar; na opinião dos elfos, os homens são mais parecidos
com Melkor do que com qualquer outro Ainur, embora Melkor sempre os tenha temido e odiado,
mesmo aqueles que lhe prestaram serviços.

(..) os filhos dos homens permaneçam vivos por um curto intervalo no mundo, não sendo presos a ele, e partam logo, para onde, os elfos não sabem. (..) os elfos ficam até o final dos tempos, e seu amor pela Terra e por todo o mundo é mais exclusivo e intenso (...)  os elfos não morrem enquanto o mundo não morrer, a menos que sejam assassinados ou que definhem de dor (e a essas duas mortes aparentes eles estão sujeitos); nem a idade reduz sua força, a menos que estejam fartos de dez mil séculos; e, ao morrer, eles são reunidos na morada de Mandos, em Valinor, de onde podem depois retornar. Já os filhos dos homens morrem de verdade, e deixam o mundo, motivo pelo qual são chamados Hóspedes ou Forasteiros. A morte é seu destino, o dom de Ilúvatar, que, com o passar do tempo, até os Poderes hão de invejar. Melkor, porém, lançou sua sombra sobre esse dom, confundindo-o com as trevas; e fez surgir o mal do bem; e o medo, da esperança. Outrora, no entanto, os Valar declararam aos elfos em Valinor que os homens juntarão suas vozes ao coro na Segunda Música dos Ainur: embora Ilúvatar não tenha revelado suas intenções com relação aos elfos depois do fim do Mundo; e Melkor ainda não as tenha descoberto.

CURIOSIDADES
- Os Quendi e Atani é, respectivamente, o mesmo que elfos e humanos :)
- Vanyar, Noldor e Teleri são as tres familias dos elfos

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