O Silmarillion: Quenta Silmarillion - Da vinda dos elfos e do cativeiro de melkor (3)

Este capitulo do Silmarillion é um tanto quanto complexo. Há muitas informações que precisam ser digeridas com calma...
Bom, como está descrito no titulo, será abordado finalmente sobre a tão esperada vinda dos elfos! Finalmente os Primogênitos despertaram, vamos saber um pouco mais sobre isso?

Inicialmente, o panorama que é apresentado referente a Arda é de um tempo sombrio. Enquanto os Valar permaneciam em paz por longas eras por trás das montanhas de Aman, toda a Terra-Média estava escura, iluminada apenas pela luz das estrelas. Os Valar raramente iam a estas terras, exceto por Oromë e Yavanna.
Enquanto isso, Melkor estava sempre na ativa, ele aumentava cada vez mais sua força e nem sequer costumava dormir! Os monstros criados por ele andavam a solta, assombrando os bosques e florestas que se encontravam obscurecidos. E, em Utunmo, Melkor reunira os seus demônios, aqueles de coração de fogo que se ocultavam nas trevas, com seus açoites de chamas, conhecimentos comumente como os Balrogs.

Balrog

Além disso, Melkor contruiu uma fortaleza e arsenal chamada Angband, para que pudesse resistir de qualquer ataque que viesse de Aman (onde ficava a morada dos Valar). Ela era comandada por ninguém mais e ninguem menos que Sauron!

Representação de Angband

Os Valar resolveram se reunir em um conselho pois estavam perturbados com as noticias que Yavanna e Oromë traziam a respeito das terras fora de sua morada em Aman, na qual estavam assombradas pelas criaturas que Melkor criava.
Yavanna logo questionou os Valar se eles iriam mesmo deixar estas terras desoladas, visto que os Filhos de Ilúvatar estavam bem perto de despertarem!
Seria extramente perigoso, eles poderiam adorar a Melkor e preferir conviver com todas aquelas sombras...

Deixaremos então desoladas e repletas de maldade as terras de sua morada? Será que eles caminharão nas trevas enquanto nós temos a luz? Eles chamarão Melkor de senhor enquanto Manwë tem seu trono em Taniquetil? -Dissera Yavanna

Porém, a pedido de Manwë, Mandos (lembra dele? O guardião da casa dos mortos e Oráculo dos Valar) declara que já está escrito que os Primogênitos chegarão nas Trevas e contemplarão primeiro as estrelas.

☆ CRIAÇÃO DAS ESTRELAS ☆
Após isto, Varda se afastou do conselho e, olhando lá do alto de Taniquetil, contempla a escuridão da Terra Média e começa a realização de um enorme trabalho, a maior de todas as obras dos Valar desde que chegara a Arda.

Apanhou os orvalhos de prata dos tonéis de Telperion e com eles fez estrelas novas e mais brilhantes para a chegada dos Primogênitos. Por isso, ela, cujo nome desde as profundezas do tempo e da construção de Eä era Tintallë, a Inflamadora, foi mais tarde chamada pelos elfos de Elentári, Rainha das Estrelas. (...) muitas outras das estrelas mais antigas ela reuniu e dispôs como sinais nos céus de Arda

Eu gosto bastante de constelações, então não poderia deixar de registrar aqui um pouco sobre as que Varda criara naqueles tempos.

Wilwarin, Telumendil, Soronúmë e Anarríma; e Menelmacar, com seu cinturão cintilante, prenúncio da Última Batalha, que ocorrerá no final dos tempos. E bem alto ao norte, como um desafio a Melkor, ela pôs a balançar a coroa de sete estrelas poderosas, Valacirca, a Foice dos Valar e sinal do destino.

Assim que Varda encerrou seus trabalhos (que foram bem demorados), e no instante que Menelmacar foi subindo ao céu, neste momentos os Primogênitos despertaram! Perto da lagoa de Cuiviénem, a Água do Despertar, eles acordaram :) E a primeira coisa que contemplaram foi o brilho das estrelas, por isso eles reverenciam Varda mais do que qualquer outro Vala.

O que se sucede por agora neste capitulo é sobre as transformações que ocorrera no mundo, visto que as formas das terras e dos mares foram destruídas e desfeitas. Assim como também retrata um pouco sobre a sobrevivência dos elfos em seu recente despertar.

Muito tempo viveram eles em seu primeiro lar junto à água, à luz das estrelas, e caminhavam pela Terra maravilhados. E começaram a criar a fala e a dar nomes a todas as coisas que percebiam. A si mesmos, chamaram quendi, querendo dizer aqueles que falam com vozes. Pois até então não haviam conhecido nenhum outro ser vivo que falasse ou cantasse.

OROMË ENCONTRA OS ELFOS
Em uma de suas caçadas, Oromë escuta muitas vozes que pareciam cantar um pouco mais ao longe. É assim que o Vala finalmente encontra os elfos. Oromë se enche de admiração, como se eles fossem seres inesperados e maravilhosos.

E Oromë amou os quendi e os chamou em sua própria língua de eldar, o
povo das estrelas. Esse nome, entretanto, mais tarde só foi usado por aqueles que o seguiram na estrada para o oeste.

Muito dos elfos se apavoraram com a sua chegada. Adivinha por que? Isso mesmo! Melkor tinha que está envolvido haha

Oromë encontra

Se lembra que as terras (exceto a Terra de Aman, morada dos Valar) estavam repletas de escuridão e criaturas assombrosas? Pois bem. Os Sábios declaram que Melkor fora o primeiro a se dar conta do despertar dos quendi (elfos),  ele enviara espíritos malévolos para espioná-los e armar emboscadas.

Antes da chegada de Oromë, alguns anos antes, se algum elfo se perdesse longe de casa, sozinho ou em pequenos grupos, era costumeiro que viesse a desaparecer e que nunca mais retornasse...
Por isso, os quendi diziam que havia um Caçador que lhes apanhara e assim sentiam medo!
As antigas canções dos elfos falam sobre isso, as formas sombrias que perambulavam por aí e até do Cavaleiro sinistro montado em seu cavalo que perseguia os caminhantes para pegá-los e devorá-los...

Neste momento, há algumas teorias. 
Melkor realmente odiava muito Oromë e temia seus passeios pelas florestas, então há algumas possibilidades... ou fora Melkor que mandara seus servos como Cavaleiros, ou ele espalhou rumores mentirosos para que os quendi pudessem ter medo de Oromë.

Mas enfim! Com a chegada de Oromë, alguns elfos se esconderam, alguns fugiram e outros se perderam. Mas os que permaneceram logo notaram que Oromë não era nenhuma forma saída das trevas, pois a luz de Aman estava em seu semblante, e todos os mais nobres elfos se sentiram atraídos por ela.

Uma passagem interessante que vale super a pena citar um pouco por aqui é sobre a criação dos orcs. Os elfos que cairam nas mãos de Melkor antes da destruição de Utumno (a fortaleza de Melkor) e que foram aprisionados por lá, eles foram corrompidos pela arte da crueldade, e, desta forma, escravizados. Assim Melkor gerou a horrenda raça dos orcs.

E, no fundo de seus corações negros, os orcs odiavam o Senhor a quem serviam por medo, criador apenas de sua desgraça. Esse pode ter sido o ato mais abjeto de Melkor, e o mais odioso aos olhos de Ilúvatar.

RETORNO DE OROMË A VALINOR 
Oromë volta para a morada dos Valar e conta tudo que avistara. Enquanto os Valar discutiam sobre o que deveriam fazer para proteger os elfos da escuridão de Melkor, Oromë volta de imediato para a Terra-Média para morar com os elfos.

Manwë refletiu muito no seu trono em Taniquetil e procurou o conselho de Ilúvatar. Descendo, então, a Valmar, convocou os Valar ao Círculo da Lei, e até mesmo Ulmo, do Mar de Fora, compareceu.

Os Valar então decidiram que iriam ao combate contra Melkor. Eles partiram de Aman e foram para a guerra preparados para atacar as fortalezar de Melkor. Melkor jamais esquecera que o inicio desta guerra havia sido por causa dos elfos, porém os elfos não participaram dela, além de que eles possuem pouquissimo conhecimento sobre esta batalha.

e daí em diante os quendi nada souberam da grande Batalha dos Poderes senão que a
Terra tremia e gemia sob seus pés, e as águas mudavam de lugar; e ao norte havia clarões como os de enormes fogueiras.

Depois de uma intensa batalha vitoriosa pelos Valar, Melkor fora acorrentado e levado prisioneiro.
O mundo teve paz por uma longa era. Muitos seres maligos de Melkor ainda permaneciam escondidos abaixo das fortalezas destroçadas de Utumno e Angband, muitos fugiram e não foram encontrados, assim como Sauron...

e ele foi levado à prisão na fortaleza de Mandos, de onde ninguém consegue escapar, nem Vala, nem elfo, nem homem mortal. (...) Lá Melkor foi condenado a permanecer ao longo de  três eras, antes que sua causa voltasse a ser julgada e ele pudesse mais uma vez implorar perdão.

A CONVOCAÇÃO DOS QUENDI PARA VALINOR 
Ulmo, o deus da água, defendia que os elfos deveriam ter a liberdade de perambular e sobreviverem pela Terra-Média. Porém a maioria dos Valar decidira que os quendi deveriam vir a Valinor, visto que eles temiam pelos quendi naquele mundo perigoso, além de que estavam tomados de amor pela beleza dos elfos e desejavam ansiosamente sua companhia.

Obviamente que os elfos de inicio não aceitaram, visto que até então eles só haviam visto o Valar diante da tortuosa guerra contra Melkor, e exceto por Oromë, os elfos estavam dominados de pavor pelos Valar.

Oromë foi enviado novamente até os elfos e escolheu entre eles três embaixadores que viessem para Valinor falar em nome de seu povo e verificar se valeria a pena ir para lá.
Os escolhidos foram Ingwë, Finwë e Elwë que mais tarde se tornariam reis!!

Finwë, Ingwë e Elwë

Ao avistarem toda a grandiosidade e glória na qual habitavam os Valar, eles voltaram para seu povo e aconselharam que obedecessem a convocação dos Valar.

Assim se deu a primeira separação dos elfos.
O povo de Ingwë e a maior parte do povo de Finwë e Elwë se dispuseram a partir e acompanhar Oromë :)
Eles ficaram conhecidos como eldar, nome dado por Oromë.

Porém, os que desrespeitaram a convocação preferindo ficar pela Terra-Média, foram chamados de avari. Nesta época eles se separaram dos eldar e só voltara a se encontrar depois de muitas eras.

Os eldar se organizaram em três grandes grupos para a enorme marcha que iriam fazer.

GRUPO 1 - Vanyar
O primeiro e menor grupo a iniciar a viagem era liderado por Ingwë, o mais alto senhor de toda raça élfica. Ele adentrou Valinor e se sentou aos pés dos Valar, e todos os elfos reverenciaram seu nome. Ele nunca mais voltou e nem viu de novo a Terra-Média. O povo de Ingwë eram chamados de Vanyar os mais belos elfos e os queridinhos de Manwë e Varda.

GRUPO 2  - Noldor
Em seguida, vinham os Noldor!!!
Era o povo de Finwë. Eles são os elfos profundos, amigos de Aulë, e possuem renome nas canções por terem lutado e trabalhado penosamente por muito tempo nas antigas terras do norte.

GRUPO 3 - Teleri
O grupo maior vinha no final e eram chamados de Teleri.
Eles demoravam pela estrada pois não estavam decididos a deixar a penumbra e ir à luz de Valinor.
Os Teleri demonstravam bastante encantamento pela água, e os que chegaram ao litoral oeste ficaram apaixonadissimos pelos mar. Eles passaram a ser na Terra de Aman os elfos do mar, ou conhecidos como Falmari, pois faziam música à beira das ondas que se quebravam... ♥♪♬
Como os Teleri eram um grupo grande, eles possuiam dois líderes: Elwë e Olwë, eles eram irmãos :3

Estes três clãs de eldalië (o povo élfico) que passaram do extremo oeste na época das Duas Árvores de Valinor são chamados de Calaquendi, elfos da luz.

Porém, os outros eldar que também partiram na marcha para o oeste, porém se perderam pela estrada, ou então tomaram um outro rumo, ficando pela Terra-Média (e a maioria dessa gente fazia parte dos Teleri) são chamados de Úmanyar pelos Calaquendi, já que nunca chegaram a terra de Aman e ao reino dos Valar.
Porém, tanto os Úmanyar como os Avari(se lembra? os que recusaram ir na marcha de Oromë), eles são chamados de Moriquendi, Elfos da escuridão, pois nunca contemplaram a Luz que havia antes do Sol e da Lua, permanecendo pela escuridão da Terra-Média.

Pois bem, quando eles finalmente se voltaram parte o oeste, eles viram as grandes nuvens negras que ainda pairavam ao Norte, acima das ruínas da guerra, e as estrelas naquela região permaneciam escondidas. Muitos tiveram medo e se arrependeram, deram meia volta e foram esquecidos.

Anduin

A marcha para o Oeste fora longa e lenta... Depois de muitos anos viajando, os eldar seguiram por uma floresta e chegaram a um rio enorme, mais largo que qualquer outro que já tivessem visto.
Do outro lado do rio havia montanhas cujo pico pontiagudo parecia perfurar as estrelas.
Diz-se que este rio era aquele que fora chamado mais tarde de Anduin, o Grande, ele foi sempre a fronteira das terras do oeste da Terra-média.

Já as montanhas eram as Hithaeglir, eram mais altas e mais temíveis naqueles dias e elas foram erguidas por Melkor para atrapalhar as cavalgadas de Oromë.

Ora, os teleri por muito tempo habitaram a margem oriental daquele rio, com o desejo de ali permanecer, mas os vanyar e os noldor o atravessaram, e Oromë os conduziu pelas passagens nas montanhas. E, quando Oromë já estava mais adiante, os teleri contemplaram os montes sombrios e sentiram medo.

Ergueu-se alguem do clã de Olwë.  (que sempre ficara muito atrás no caminho)

Seu nome era Lenwë, ele renegou a marcha e levou consigo um grupo numeroso, em direção ao sul descendo pelo grande rio. Eles desapareceram do conhecimento de seus parentes e só retornaram tempos depois.
Esse povo era conhecido como Nandor, eles se tornaram um clã isolado, diferente de seus familiares. Sabiam mais sobre seres vivos, árvores e plantas, aves e bichos, do que quaisquer
outros elfos. Em anos posteriores, Denethor, filho de Lenwë, voltou-se afinal para o oeste, e
conduziu parte daquele povo através das montanhas para entrar em Beleriand antes do surgimento
da Lua.

E as hostes de teleri atravessaram as Montanhas Nevoentas e cruzaram as amplas terras de Eriador, sempre com o incentivo de Elwë Singóllo, pois ele ansiava por voltar a Valinor e à Luz que havia visto. E não desejava ser afastado dos noldor, pois tinha grande amizade por Finwë, seu senhor.
Assim, depois de muitos anos, os teleri afinal também passaram pelas Ered Luin, entrando nas regiões mais orientais de Beleriand. Ali pararam, ficando algum tempo do outro lado do Rio Gelion.